Vida digna para ciganas e ciganos

Por Maurício Boff

No município goiano de Itumbiara, o povo cigano vive em situação de precariedade, sem acesso a direitos básicos. A ocupação informal em área pública, somada à falta de compreensão do poder público sobre a questão territorial cigana, resulta em condições de vida degradantes e discriminação. A comunidade cigana corresponde a cerca de 1% da população do município, ou em torno de mil pessoas. A maior parte delas mora em acampamentos de lona, sem energia elétrica, água tratada e esgoto e a frequência escolar de crianças e adolescentes é prejudicada pela ausência de meios adequados para a higiene pessoal antes das aulas.

Essa realidade começou a mudar a partir da inclusão da área ocupada pela comunidade cigana na Plataforma de Territórios Tradicionais, uma ferramenta digital inovadora que centraliza informações sobre territórios tradicionais do Brasil, possibilitando visibilidade e acesso a políticas públicas. A iniciativa é resultado da parceria entre o Ministério Público Federal (MPF) e o Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (CNPT), com apoio da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável. A inclusão dos dados na Plataforma surgiu do diálogo entre a comunidade cigana e o MPF, em oficina realizada pelo projeto Territórios Vivos. A partir daí, o grupo passou a compreender que o território é o ponto de partida para a garantia de seus direitos fundamentais. A mobilização da comunidade e o apoio do MPF sensibilizaram o poder público para a construção de uma solução mais efetiva para a vida cigana no município.

O MPF desempenhou um papel fundamental ao recomendar à prefeitura da cidade a criação de uma política pública capaz de atender às necessidades da comunidade cigana. Provocada, a administração pública municipal de Itumbiara reconheceu a reivindicação da comunidade cigana por um território que garanta o modo de vida tradicional e a dignidade do grupo. Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi assinado em março de 2023 e um projeto de lei foi aprovado em seguida pela Câmara Municipal, em maio do mesmo ano. A prefeitura agora trabalha para concluir a distribuição de lotes com infraestrutura urbana adequada para a comunidade.

A ocupação precária de áreas públicas pela comunidade, que perdura há mais de 50 anos, dará lugar a um autêntico território cigano, devidamente reconhecido e regularizado pelo poder público. O projeto Territórios Vivos desempenha um papel vital na compreensão da questão territorial cigana no Brasil, ajudando a evidenciar o valor de tradições, língua, modo de vida e cosmovisão próprias do povo cigano. O desfecho positivo do caso de Itumbiara/GO abre novas possibilidades para a promoção de direitos de ciganas e ciganos no Brasil.

Projetos: Territórios Vivos (Agenda 2030 – contribuição para o princípio leave no one behind)
Parceiros: Ministério Público Federal (MPF) e Rede de Povos e Comunidades Tradicionais
Financiador: Ministério da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH

Poder de decisão sobre recursos da floresta

Por Glaucimara Silva

A floresta amazônica é uma fonte de recursos naturais renováveis e a base da economia local e do desenvolvimento da região. São muitos os desafios para uma gestão sustentável que respeite o meio ambiente e os povos que vivem nesse território e, ao mesmo tempo, resulte em desenvolvimento, empregos e renda.

A Cooperação Financeira Alemã, por meio do Banco Alemão de Desenvolvimento KfW, e o Governo Brasileiro atuam em parceria para fortalecer a gestão das florestas, promover o uso sustentável dos recursos florestais e agregar valor aos produtos da Amazônia brasileira.

O projeto Gestão Florestal para a Produção Sustentável na Amazônia, possibilita à população local mais acesso aos serviços prestados pelo Sistema Florestal Brasileiro (SFB) e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio). Com isso, a comunidade pode se envolver na gestão das Florestas Nacionais (FLONAs), participar dos conselhos consultivos das áreas protegidas e de capacitações de manejo florestal sustentável. A plataforma de ensino à distância Saberes da Floresta, por exemplo, já capacitou cerca de 20.000 pessoas, sendo 50% de mulheres.

Essa iniciativa é uma oportunidade para as mulheres da região de conseguir estabilidade e independência financeira, oportunidades de empreender dentro da comunidade, de expandir seus conhecimentos, perpetuar suas tradições culturais e históricas e ganhar espaço nos processos de decisões políticas.

Projeto:
Programa Gestão Florestal para a Produção Sustentável na Amazônia

Parceiros:
Serviço Florestal Brasileiro (SFB)
Ministério de Agricultura e Pecuária (MAPA)
Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio)
Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA)

Financiador:
Ministério da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha por meio do Banco Alemão de Desenvolvimento KfW

Salvador e a governança para adaptação à mudança do clima

Por João Gonçalves e equipe ProAdapta

Seus cheiros, sons e cores fazem de Salvador uma das metrópoles mais vibrantes do mundo. Fundada em 1549, a primeira capital do Brasil foi palco e testemunha das principais mudanças históricas e urbanísticas vivenciadas pela sociedade brasileira nos últimos séculos. Tantas transformações levaram a um crescimento acelerado, fazendo com que hoje Salvador seja um dos municípios mais populosos do país. Como consequência dessa expansão, boa parte desordenada, a cidade lida com problemas ambientais que poderão ser agravados pela mudança do clima, como por exemplo, as inundações, as ilhas de calor e os deslizamentos de terra.

“O Brasil já está vivenciando o aumento da intensidade das chuvas e em Salvador temos percebido esse aumento a cada ano. Com isso, temos registrado impactos causados por esses eventos extremos, como deslizamentos de terras e alagamentos, tanto de vias públicas, quanto de áreas urbanas mais baixas, onde vales são inundados e muitas casas são invadidas pela água”, afirma o Subsecretário da Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência de Salvador, Ivan Euler.

Como várias outras cidades brasileiras, Salvador tem pela frente o desafio de adaptar-se e tornar-se mais resiliente aos efeitos da mudança do clima. Uma das respostas para esse desafio está na governança climática. Para tanto, com o apoio do ProAdapta, a Prefeitura Municipal de Salvador desenvolveu ações para que as políticas e estratégias municipais passem a considerar a gestão dos riscos climáticos.

Em Salvador, a necessidade de se adaptar à mudança do clima, ficou mais evidente em 2015, quando em abril daquele ano, após uma forte chuva, uma encosta deslizou e soterrou ao menos sete casas na comunidade do Barro Branco, causando a morte de 15 pessoas. “Na época, a prefeitura decidiu mudar a forma de atuação da Defesa Civil de Salvador, que até então, entrava em ação só após os desastres terem ocorrido. Com a tragédia de 2015, a Defesa Civil começou a trabalhar também na prevenção de desastres, para que perdas de vidas não acontecessem mais”, explica Euler.

A remodelação da Defesa Civil foi o primeiro passo para a cidade pensar em uma agenda local de adaptação. Outros passos foram dados até a publicação, em dezembro de 2020, do Plano de Mitigação e Adaptação à Mudança do Clima (PMAMC), que propõe construir uma trajetória de redução de emissão de gases de efeito estufa (GEE), melhorar a adaptação da cidade à mudança do clima e promover a justiça climática.

Construído em parceria entre diversos atores, parceiros, e com o apoio do ProAdapta, o PMAMC orienta a atuação unificada de políticas públicas voltadas para o tema, incluindo a criação de um índice de vulnerabilidade climática, que mapeia os pontos da cidade mais suscetíveis aos eventos extremos e identifica medidas para promover a adaptação.

Quer saber mais?

Projeto: 
ProAdapta – Apoio ao governo do Brasil na implementação da sua Agenda Nacional de Adaptação à Mudança do Clima

Parceiro: 
Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e Prefeitura Municipal de Salvador

Financiador: 
Ministério do Meio Ambiente, Conservação da Natureza, Segurança Nuclear e Defesa do Consumidor (BMUV, em alemão)

Comunicação e representatividade: Nenhuma pessoa a menos na comunicação da GIZ

Por Sandra Damiani e Elisa Malta

Como fazer com que a linguagem apoie a inclusão de quem mais sofre com as situações de risco, a discriminação e as mudanças climáticas? É o caso das mulheres, especialmente as de baixa renda e negras, que no Brasil são as que mais percebem e vivem as situações de risco em locais vulneráveis aos eventos climáticos extremos. No entanto, em geral, as mulheres são invisibilizadas na comunicação sobre esses eventos, uma vez que a língua portuguesa tem uma estrutura que favorece a exclusão, ao generalizar o plural sempre no masculino.

Essa foi uma das situações que estimulou o Grupo de Trabalho Gênero e Direitos Humanos da GIZ Brasil a criar, em 2020, um manual com recomendações para o uso de linguagem inclusiva e não sexista. O manual, que reúne dicas para comunicações formais e informais, escritas e orais, para e-mails, convites, publicações, relatórios e produção audiovisual, traz um alcance mais amplo do que somente a questão de gênero, incluindo também cuidados para inclusão racial, étnica e da comunidade LGBTQIAPN+.

Desde 2020, pelo menos 360 pessoas foram capacitadas e diversos projetos passaram a adotar as orientações do material em seus produtos de comunicação. A repercussão dos treinamentos gerou resultados surpreendentes. O primeiro guia do judiciário federal no Brasil no tema foi elaborado por um dos consultores capacitados pela GIZ Brasil, levando assim a linguagem inclusiva para fora da instituição. Em 2022, os projetos Cidade Presente e ANDUS promoveram, para a iniciativa Lideranças Femininas Urbanas (ReDUS), um treinamento voltado para mulheres em posição de liderança em prefeituras municipais do Brasil.

Além disso, a GIZ Brasil promoveu ações para a disseminação do uso de legendas em audiovisuais e de tradução simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (Libras) em eventos on-line. A experiência obtida mostra que é possível superar as barreiras e ampliar a acessibilidade ao conhecimento produzido pela instituição não só no Brasil, mas também em eventos externos, apresentados simultaneamente em diferentes idiomas.

O Brasil tem 2,2 milhões de pessoas surdas e ensurdecidas, para as quais a linguagem inclusiva é essencial para acessar o conhecimento transmitido oralmente. Em 2021, a nova metodologia foi desafiada para atender a um evento latinoamericano em quatro línguas, duas orais (português e espanhol) e duas em língua de sinais (Libras e lengua de señas, a última utilizada nos países hispânicos da América Latina). A V Conferência Regional de Áreas Protegidas Locais foi realizada pela GIZ, em conjunto com o ICLEI e a União Internacional para a Conservação da Natureza, para Brasil, Colômbia, Peru e Equador.

O uso da língua de sinais na transmissão desse evento provou a viabilidade de duas traduções em sequência: primeiro para o espanhol e português e, depois, para as duas línguas de sinais, garantindo assim que as discussões do evento fossem acessíveis para pessoas surdas e com ensurdecimento nesses quatro países.

Em fevereiro de 2022, a GIZ Brasil teve a primeira experiência de tradução simultânea em Libras em evento sobre eficiência energética em habitações de interesse social. O vídeo, recebeu mais de 1,6 mil visualizações, fato que demonstra que as políticas de inclusão são mais bem sucedidas quando integradas e combinadas em diferentes abordagens.

Projeto:
Grupo de Trabalho de Gênero e Direitos Humanos da GIZ Brasil

Alimento tradicional na mesa das escolas indígenas

Por Sandra Damiani e Vanessa Eyng

Ao visitar a Terra Indígena Yanomami, no Amazonas, o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Fernando Merloto Soave constatou que as escolas não estavam recebendo os produtos adequados para a alimentação escolar. Os alimentos destinados pela rede pública, quando chegavam, eram industrializados, faziam longas viagens e eram alheios à dieta alimentar tradicional indígena.

A visita do MPF lançou as bases para a melhoria do acesso dos Povos e Comunidades Tradicionais a uma importante política pública, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Por meio da mobilização de diversos atores, foi criada a Comissão de Alimentação Tradicional dos Povos do Estado do Amazonas (Catrapoa). A iniciativa – que recebeu o Prêmio Innovare em 2020 – é coordenada pelo MPF e composta por representantes de organizações da sociedade civil, autoridades nacionais e estaduais do Amazonas e povos indígenas e comunidades tradicionais.

Com o objetivo de garantir o direito de produtores e produtoras tradicionais e indígenas de fornecer alimentos para as escolas tradicionais locais, foram identificados os entraves factuais, legais e burocráticos para a venda e compra de alimentos tradicionais no programa estadual de compras e discutidas as normas e padrões de higiene com as partes interessadas. Com cerca de 40 participantes, a Catrapoa está produzindo análises e informações que resultaram, até o momento, em três instruções técnicas do MPF e da Funai (Fundação Nacional do Índio). Essas instruções atualizaram, entre outras coisas, as normas higiênico-sanitárias para que povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas possam participar como fornecedores em licitações públicas para a compra de alimentos para a alimentação escolar.

Além da segurança alimentar das crianças e do respeito aos costumes alimentares locais, a adequação da política de compra de alimentos escolares traz renda às/aos produtoras/es indígenas e ajuda a movimentar a economia local.

Para garantir que os/as produtores/as estivessem aptos a cumprir os requisitos técnicos e logísticos com fornecedores/as e atender as chamadas de compras públicas, a GIZ Brasil, em parceria com diversas organizações da Catrapoa, organizou oficinas de formação envolvendo agricultoras/es de povos indígenas e comunidades tradicionais, gestoras/es, Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) e outras organizações nos municípios de Tapauá, Eirunepé, Pauini, Lábrea, São Gabriel da Cachoeira, Boca do Acre e Manicoré, no Amazonas, Sena Madureira, no Acre, e Oriximiná, no Pará.

Desde 2019, mais de 400 agricultoras/es indígenas e de comunidades tradicionais de mais da metade dos municípios do Amazonas acessaram o PNAE com base na Nota Técnica. Além disso, a diversidade de alimentos produzidos e fornecidos tradicionalmente aumentou para mais de 60 produtos diferentes.

Após o sucesso no Amazonas, a iniciativa vem sendo replicada em outras regiões. Atualmente, há comissões instituídas em mais 13 estados e articulação iniciada em outros 8. No Acre, em torno de 100 indígenas já acessaram o PNAE neste formato, com fornecimento dos produtos tradicionais no próprio território. Em alguns estados, como o Mato Grosso do Sul, não só os povos indígenas, mas também quilombolas, ribeirinhos e pescadores já estão produzindo para o programa de compras. A GIZ apoia a divulgação e a formação de redes de atores, bem como a formação em outros estados, incluindo Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Foi criada, ainda, uma comissão nacional, Catrapovos Brasil, que tem contribuído para a adequação e reformulação de políticas públicas.

Projetos:
Mercados Verdes e Consumo Sustentável
Bioeconomia e Cadeias de Valor
Agenda 2030 – Leave no one behind

Parceiros:
Casa Civil/Secretaria Especial da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead)
Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA)
Ministério Público Federal (MPF)

Financiador:
Ministério da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH

Água potável e saneamento básico para população rural

Por Glaucimara Silva

Abrir a torneira e ter água disponível não era uma realidade para muitas famílias que vivem em localidades rurais do estado do Ceará. Nessa região do Brasil, a água é um bem escasso e os longos períodos de seca, prejudiciais à qualidade de vida e ao desenvolvimento socioeconômico, são uma ameaça à população local. Uma parceria entre o governo cearense e o governo da Alemanha, que teve início há mais de 20 anos, está mudando a realidade de mais de 70 localidades.

Em 1996, um sistema inovador de saneamento rural foi desenvolvido pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) em parceria com Banco Alemão de Desenvolvimento KfW. Como resultado, mais de 127 mil pessoas já foram beneficiadas com a construção de 64 instalações para abastecimento de água e esgotamento sanitário rural.

Ao garantir direitos humanos básicos, reduzir a vulnerabilidade e fortalecer a resiliência da população rural, os programas do Sistema Integrado de Saneamento Rural (SISAR) resultam em benefícios diretos à população local. O acesso à água facilita o dia a dia e a realização de atividades cotidianas, além de ampliar as atividades econômicas da região. Melhores condições sanitárias e medidas de educação em higiene também significam menos espaço para a proliferação do Aedes Aegypti, mosquito responsável pela transmissão de dengue, chicungunha e zika, essa última especialmente nociva às mulheres grávidas.

Projetos:
Programa Saneamento Básico Ceará III
Programas Águas do Sertão

Parceiros:
Secretaria das Cidades do Ceará
Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE)
8 SISARs

Financiador:
Ministério da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha por meio do Banco Alemão de Desenvolvimento KfW
União Europeia (através de uma doação para o Programa Águas do Sertão)

Hidrogênio verde: faça parte dessa inovação

Por Renata Peña

O hidrogênio verde é peça-chave para a descarbonização do planeta e o Brasil está entre os protagonistas da expansão desse mercado, sendo reconhecido como um exemplo de matriz energética baseada em fontes renováveis. Graças à sua abundância de sol, ventos e espaço, juntamente com os baixos custos de produção alcançados, o país possui um imenso potencial para a produção de hidrogênio verde. Essa forma de energia desempenha um papel fundamental na redução das emissões de gases de efeito estufa. Com o hidrogênio verde, um mundo de oportunidades se abre.

O vídeo “Hidrogênio verde: faça parte dessa inovação” ilustra os impactos positivos na vida profissional dos brasileiros por meio da transição energética e reforça o potencial de transformação da economia brasileira a partir do uso do hidrogênio verde. A iniciativa da produção é do projeto H2Brasil, que integra a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável.

Com objetivo de aproximar o tema ao cotidiano das pessoas, o vídeo apresenta a história de um personagem – representado por um engenheiro, o primeiro da família a ter diploma superior – que vê sua vida, e daqueles ao seu redor, transformada pelas oportunidades de trabalho que o hidrogênio verde pode possibilitar. Mostra também sua trajetória e sua batalha pela formação educacional e profissional, equilibrando estudo e trabalho, há quase 20 anos, quando o mercado de trabalho voltado para energias fotovoltaica e eólica ainda estava despontando no Brasil. E avança no tempo, até a atualidade, mostrando as oportunidades e o potencial transformador da expansão do mercado de hidrogênio verde.

“O filme descreve com muita sensibilidade o que o projeto H2Brasil promove no Brasil e no mundo. Queremos criar um mercado de hidrogênio verde que abra oportunidades para muitas pessoas, não apenas postos de trabalho, mas que permita uma transição energética justa, que permita mudança para toda a sociedade, uma vida mais sustentável”, afirma Markus Francke, diretor do projeto H2Brasil.

Recomende esse vídeo para alguém que acredita na energia do futuro e faça parte da construção de um planeta mais sustentável.

Saiba mais sobre o universo do H2V em https://linktr.ee/h2vbrasil


Projeto:
H2Brasil – Expansão do Hidrogênio Verde

Parceiro:
Ministério de Minas e Energia (MME)

Financiador:
Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ na sigla em alemão)

Indicadores sociais e de gênero na gestão de resíduos urbanos

Por Sandra Damiani (Sapopema Comunicação)

As mulheres desempenham um papel fundamental na reciclagem de resíduos sólidos urbanos (RSU) no Brasil, mas ainda sofrem com a falta de direitos básicos, condições de trabalho precárias e insalubres e baixa renda. Cerca de 90% da reciclagem de resíduos no país é feita por aproximadamente 800 mil catadores/as, 70% mulheres, sendo a maioria negra, de baixa escolaridade e periférica.

Nesse contexto, a GIZ Brasil trabalha para gerar conhecimento e proporcionar a interlocução de públicos estratégicos para que a gestão de RSU possa gerar emprego e renda, contribuir com a redução da pobreza, das desigualdades sociais e de gênero e, ao mesmo tempo, combater as mudanças climáticas.

Pelo menos 4% do total de emissões de gases de efeito estufa no Brasil é oriundo do setor de resíduos. Embora contribuam para diminuir as emissões, os/as catadores/as fazem parte da população mais afetada negativamente pela emergência climática por diversos motivos. Frequentemente moram em habitações em áreas de risco, não possuem segurança alimentar, têm baixo acesso à água potável e ao saneamento básico e trabalham expostos/as aos eventos climáticos extremos.

Para sensibilizar os gestores públicos sobre a necessidade de incorporar os indicadores sociais e de gênero nas políticas públicas de gestão de RSU nos municípios, o projeto ProteGEEr realizou em 2021 um webinário que contou com 50 pessoas. Das cinco apresentações ao público, quatro foram conduzidas por especialistas mulheres, incluindo uma representante do segmento de catadoras.

O projeto realizou ainda dois cursos de formação on-line. Com 583 participantes, mais da metade mulheres, os cursos apresentaram ferramentas para que as intervenções municipais possam garantir não somente a melhoria dos serviços públicos, mas também contribuir para mitigar vulnerabilidades sociais e ambientais. Além disso, propagou benefícios econômicos, sociais e ambientais com a adoção da economia circular como alternativa para conectar diferentes setores produtivos e promover novos padrões de produção, consumo e descarte.

Conheça o Kit de ferramentas para manejo de resíduos sólidos urbanos, desenvolvido pelo projeto ProteGEEr.

Projeto: Apoio à implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos considerando a proteção climática (ProteGEEr)
Parceiro: Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR)
Financiador: Ministério do Meio Ambiente, Conservação da Natureza, Segurança Nuclear e Defesa do Consumidor (BMUV, em alemão)

Renda e qualidade de vida por meio do cacau

Por Vanessa Eyng e Pedro Zanetti (GIZ Brasil)

O cacau é um fruto que marca a história do Sul da Bahia. A planta, originária da Amazônia, chegou no estado em 1740 e, por lá, se ambientou e deu cor e sabor à região. Em meio à Mata Atlântica, agricultoras e agricultores da região desenvolveram uma forma de cultivo que ficou conhecida como cabruca, um modelo de produção em que o cacau cresce sombreado e distribuído entre árvores nativas. Hoje, o Sul da Bahia continua produzindo cacau e encarando os desafios de melhorar sua produção e a qualidade de suas amêndoas.

Um desses desafios é a idade das plantas. Mais antigas, as árvores vão perdendo sua capacidade produtiva. Implementar soluções que melhorem a produtividade e, principalmente, garantam melhoria da renda e da qualidade de vida de milhares de famílias que vivem desses frutos é um dos objetivos do projeto Produção Agroflorestal Sustentável de Cacau na Amazônia e na Mata Atlântica, uma parceria entre a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável e a empresa de alimentos Mondelez International. O projeto procura apoiar processos de formação, compartilhar informação e estimular outras fontes de renda, fortalecendo a cacauicultura no Sul da Bahia e também proporcionando cacau de boa qualidade para atender à crescente demanda do mercado por chocolate sustentável.

Em 2022, o projeto realizou diversas ações de formação na região, e cerca de duas mil pessoas foram beneficiadas. Uma dessas pessoas foi Brás de Jesus Santos, do município de Taperoá.  “Minha produção mudou e eu tenho muito a agradecer por esses momentos de aprendizado e troca”. Além de participar como aluno, foi justamente em sua propriedade que o curso aconteceu. “Estar na roça é um jeito muito bom de aprender, colocando a mão na massa”, reforça o produtor.

Os cursos, realizados em 16 municípios da região, contaram com a participação de quem produz e também abriram espaço para pessoas da área técnica. “Os cursos foram muito bem aceitos pelas comunidades. Estamos em uma região onde predomina o cultivo do cacau e muitas práticas são necessárias para a qualidade desta cultura. Algumas delas, como amostragem para análise e adubação e correção do solo de forma adequada, não são feitas por falta de conhecimento e da visibilidade do rendimento produtivo”, contou a engenheira agrônoma Amanda Lopes.

Amanda coordena o projeto de Ater Mulher, uma iniciativa que promove assistência técnica rural à 540 agricultoras no baixo sul da Bahia. Essa iniciativa, somada ao conhecimento técnico qualificado facilitado pelos dias de campo, busca aumentar a participação de mulheres e pessoas mais jovens.  “Trabalhamos para o empoderamento feminino, atuando desde o social até o setor produtivo. Levantamos questões relacionadas ao mundo feminino e também questões sobre as condições de produção dessas mulheres”, completa a engenheira.

Os encontros disseminaram, de forma participativa, conhecimento sobre novas tecnologias para a produção de cacau, apoiando proprietários e proprietárias rurais a aperfeiçoarem suas capacidades para aumentar a produtividade. O conteúdo dos treinamentos é resultado de um projeto de sete anos de pesquisa realizado pela iniciativa Renova Cacau.

Uma série de informativos práticos, voltados para produtoras e produtores de cacau interessados em melhorar suas áreas, foi desenvolvida para facilitar o acesso aos resultados de pesquisa conduzidas na região. O material traz informações sobre diferentes técnicas de renovação, manejo da área, uso de maquinários, adubação, uso de mudas e opções de variedades mais produtivas para a região.

Conheça as publicações e os vídeos que foram produzidos.

Projeto: Produção Agroflorestal Sustentável de Cacau na Amazônia e na Mata Atlântica (DeveloPPP)
Parceiro: Mondelez International
Financiador: Ministério Federal Alemão para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento (BMZ, em alemão)

Hidrogênio verde traz inovação para o centro do Brasil

Por Renata Peña (GIZ Brasil)

Há mais de 25 anos, o engenheiro químico Christian Gonçalves Alonso dedica sua carreira ao desenvolvimento de pesquisas científicas com foco na sustentabilidade e na inovação. Seu sonho sempre foi o de desenvolver e implementar um projeto capaz de trazer benefícios para as pessoas da comunidade, com respeito à natureza.

No fim da década de 1990, começou, por meio dos estudos de mestrado, a trabalhar com o hidrogênio, elemento químico mais abundante no universo e o mais utilizado nas atividades produtivas humanas. A essa altura, o que não se poderia prever era o papel central que o hidrogênio em sua versão “verde” passaria a ter em um futuro próximo para o enfrentamento da crise climática. Mas o trabalho de pesquisadores como Christian foi pavimentando esse caminho.


O tempo foi passando e a Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia, cidade onde Christian reside, se modernizou com a instalação de uma placa fotovoltaica para abastecer o campus com energia renovável. Em 2013, o professor desenvolveu um projeto inovador para produção de hidrogênio a partir de efluentes dos setores farmacêutico e agroindustrial: “Eu sabia que o projeto era interessante porque já enxergava a possibilidade de produzir hidrogênio verde – uma fonte enorme de energia sem emissão de carbono para atmosfera – a partir de rejeitos. Mas eu não tinha equipamentos para analisar os resultados que estavam sendo produzidos, nem havia nenhum na região” conta o professor doutor que chegou a despachar amostras de seus produtos de pesquisa por avião para serem analisados no Paraná.

Os resultados das pesquisas do professor foram surpreendentes: mostravam que os efluentes eram capazes de gerar uma quantidade muito grande de hidrogênio verde – a fonte de energia chave para a descarbonização da economia.

Conexões Brasil-Alemanha

Em 2019, em uma visita técnica na Alemanha, Christian teve a oportunidade de apresentar seu projeto para representantes da GIZ. “Ao ver o projeto do professor, percebemos que havia ali um grande potencial para um projeto-piloto de produção e aplicação de hidrogênio verde capaz de gerar um produto escalável e interessante para a indústria. Ao mesmo tempo, aquela iniciativa trazia o desenvolvimento de pesquisa e inovação para o centro do Brasil, além de estimular a formação de novos pesquisadores e profissionais, no centro do Brasil, em uma região em que ainda não havia tanto impulso”, conta Marcos Oliveira, um dos coordenadores do projeto H2Brasil, que tem por foco a expansão do mercado de hidrogênio verde no país.

Inauguração do #GOH2

A aproximação do pesquisador com a GIZ foi se consolidando e, em 2022, o H2Brasil, em parceria com a UFG, inaugurou o GOH2, Laboratório de Pesquisa em Processos Renováveis e Catálise – que vai produzir “syncrude” – um petróleo sintético sustentável, porque, ao contrário do extraído do solo, é produzido por meio de matérias-primas renováveis.  O diferencial na pesquisa da UFG é que o petróleo sintéticoserá criado a partir do hidrogênio verde produzido com resíduos agroindustriais – em uma região que se destaca pela presença do agronegócio e de indústrias ligadas ao setor. Com as pesquisas da UFG, os resíduos produzidos por essas indústrias poderão ter um tratamento mais adequado, com menores impactos ao meio ambiente.

“Esse projeto possibilita que o centro do Brasil fale de hidrogênio verde. Para se ter uma ideia da importância disso, só nós trabalhamos com H2V em todo o estado de Goiás”, afirma o professor. “Graças aos equipamentos doados pela Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável vamos formar jovens pesquisadores aqui em Goiânia. Vamos também entregar para o mercado de trabalho jovens preparados e qualificados para atuar com uma nova tecnologia. A ideia é que o GOH2 possa atender alunos de graduação, mestrado e doutorado e manter os talentos na UFG. Hoje, por meio do nosso projeto, fomentamos discussões sobre o hidrogênio verde em toda a universidade. Sem toda essa infraestrutura proporcionada pela GIZ Brasil nada disso seria possível”, completa.

Com seu sonho realizado, Christian agora trabalha para propiciar que sonhos de outros jovens se tornem realidade: “Meu papel agora é o de estimular os sonhos dos jovens, e ajudar para que seus sonhos possam também se realizar”.

Conheça o projeto H2Brasil e veja como foi a inauguração do Laboratório GOH2

Projeto: H2 Brasil
Parceiro: Ministério de Minas e Energia (MME)
Financiador: Ministério Federal Alemão para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento (BMZ, em alemão)