Por Vanessa Eyng e Pedro Zanetti (GIZ Brasil)
O cacau é um fruto que marca a história do Sul da Bahia. A planta, originária da Amazônia, chegou no estado em 1740 e, por lá, se ambientou e deu cor e sabor à região. Em meio à Mata Atlântica, agricultoras e agricultores da região desenvolveram uma forma de cultivo que ficou conhecida como cabruca, um modelo de produção em que o cacau cresce sombreado e distribuído entre árvores nativas. Hoje, o Sul da Bahia continua produzindo cacau e encarando os desafios de melhorar sua produção e a qualidade de suas amêndoas.
Um desses desafios é a idade das plantas. Mais antigas, as árvores vão perdendo sua capacidade produtiva. Implementar soluções que melhorem a produtividade e, principalmente, garantam melhoria da renda e da qualidade de vida de milhares de famílias que vivem desses frutos é um dos objetivos do projeto Produção Agroflorestal Sustentável de Cacau na Amazônia e na Mata Atlântica, uma parceria entre a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável e a empresa de alimentos Mondelez International. O projeto procura apoiar processos de formação, compartilhar informação e estimular outras fontes de renda, fortalecendo a cacauicultura no Sul da Bahia e também proporcionando cacau de boa qualidade para atender à crescente demanda do mercado por chocolate sustentável.
Em 2022, o projeto realizou diversas ações de formação na região, e cerca de duas mil pessoas foram beneficiadas. Uma dessas pessoas foi Brás de Jesus Santos, do município de Taperoá. “Minha produção mudou e eu tenho muito a agradecer por esses momentos de aprendizado e troca”. Além de participar como aluno, foi justamente em sua propriedade que o curso aconteceu. “Estar na roça é um jeito muito bom de aprender, colocando a mão na massa”, reforça o produtor.
Os cursos, realizados em 16 municípios da região, contaram com a participação de quem produz e também abriram espaço para pessoas da área técnica. “Os cursos foram muito bem aceitos pelas comunidades. Estamos em uma região onde predomina o cultivo do cacau e muitas práticas são necessárias para a qualidade desta cultura. Algumas delas, como amostragem para análise e adubação e correção do solo de forma adequada, não são feitas por falta de conhecimento e da visibilidade do rendimento produtivo”, contou a engenheira agrônoma Amanda Lopes.
Amanda coordena o projeto de Ater Mulher, uma iniciativa que promove assistência técnica rural à 540 agricultoras no baixo sul da Bahia. Essa iniciativa, somada ao conhecimento técnico qualificado facilitado pelos dias de campo, busca aumentar a participação de mulheres e pessoas mais jovens. “Trabalhamos para o empoderamento feminino, atuando desde o social até o setor produtivo. Levantamos questões relacionadas ao mundo feminino e também questões sobre as condições de produção dessas mulheres”, completa a engenheira.
Os encontros disseminaram, de forma participativa, conhecimento sobre novas tecnologias para a produção de cacau, apoiando proprietários e proprietárias rurais a aperfeiçoarem suas capacidades para aumentar a produtividade. O conteúdo dos treinamentos é resultado de um projeto de sete anos de pesquisa realizado pela iniciativa Renova Cacau.
Uma série de informativos práticos, voltados para produtoras e produtores de cacau interessados em melhorar suas áreas, foi desenvolvida para facilitar o acesso aos resultados de pesquisa conduzidas na região. O material traz informações sobre diferentes técnicas de renovação, manejo da área, uso de maquinários, adubação, uso de mudas e opções de variedades mais produtivas para a região.
Conheça as publicações e os vídeos que foram produzidos.
Projeto: Produção Agroflorestal Sustentável de Cacau na Amazônia e na Mata Atlântica (DeveloPPP)
Parceiro: Mondelez International
Financiador: Ministério Federal Alemão para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento (BMZ, em alemão)