Gênero e Direitos Humanos na GIZ Brasil

Todos os projetos da GIZ no Brasil e no mundo consideram gênero e direitos humanos em suas ações, tanto na perspectiva de proteção de grupos socialmente minorizados, quanto na de promoção da diversidade e da equidade de gênero.


Veja abaixo algumas de nossas ações e atividades voltadas para estas temáticas nas áreas de energias renováveis, transformação urbana e mudanças climáticas:

Publicações 

Guia rápido de Linguagem Inclusiva e Não Sexista

Análise de Gênero Projeto Luz do Saber

Revista Profissionais para Energia do Futuro

Pesquisa Barreiras e Oportunidades para Mulheres no Setor de Energia Solar

Cartilha Gênero e Energia – Sustentabilidade para escolas municipais de Porto Alegre

Edição Especial de Gênero da Newsletter IKI

Transversalizando la perspectiva de género en proyectos de acción climática: caja de herramientas

Estrategia Nacional de Movilidad Activa con enfoque de género y diferencial do Ministério de Transportes de Colômbia

5º Newsletter “Transformação Urbana no Brasil”

Ação Coletiva Interligadas

Eventos

Webinar “Gestão de RSU: perspectivas sociais e de gênero para promoção da economia circular” (2022)

Workshop “Energia e Equidade de Gênero” com Prefeitura de Porto Alegre (RS)

Webinar “As mulheres na Energia Renovável”  do COGEMMEV (2021)

Conferência “Women Energize Women”

Painel organizado pela  rede Women in Green Hydrogen no Brazil Green Energy Summit

Teaser de divulgação do “Elas Conectam” – Intersolar 2021

Rede de Mulheres no Setor

Apoio a Rede MESol

Apoio a Rede Mulheres do Biogás

Iniciativa Lideranças Femininas Urbanas

Apoio ao programa de mentorias da GWNet

Campanhas

Vídeo de divulgação sobre a “Mentoria de Mulheres para Eficiência Energética”

Vídeo de divulgação sobre profissionais do setor energetico – “Mulheres de Energia” 

Mulheres conectadas para impulsionar a energia solar

Por Sandra Damiani (Sapopema Comunicação Socioambiental)

Ilustração: Carmen San Thiago / Cajuí Comunicação

O mercado de energias renováveis é um dos setores que mais cresce no mundo, gera empregos e oportunidades de desenvolvimento socioeconômico e benefícios também ambientais, mas ainda é bastante desigual a participação de homens e mulheres no setor. Segundo a pesquisa da Greener de 2020, 40% das empresas de energia solar no Brasil não possuem mulheres em seu quadro de funcionários. O desejo de mudar esse cenário excludente instigou cinco protagonistas a criarem a Rede de Mulheres na Energia Solar (Rede Mesol), iniciativa que recebe o apoio da GIZ Brasil por meio do projeto Sistemas de Energia do Futuro (ESZ), que estimula a integração das energias renováveis na matriz energética brasileira.

Depois de assistirem a um webinário sobre redes da Sociedade Internacional de Energia Solar, cinco pesquisadoras de energias renováveis do Sul do Brasil conversaram sobre sua realidade: eram minoria no setor e, muitas vezes, desrespeitadas em campo. Surgiu então a curiosidade de conhecer outras mulheres que atuavam neste ramo no Brasil e suas experiências. Como voluntárias, elas organizaram o 1º Encontro de Mulheres na Energia Solar que contou com 30 participantes presenciais e transmissão on-line, atualmente com mais de 1 mil visualizações. Deste encontro, nasceu a Rede Mesol, com 285 mulheres no Grupo do WhatsApp e mais de 1,8 mil seguidoras nas mídias sociais.

Preconceito e superação – A história de Kathlen Schneider, cofundadora da Rede Mesol, ilustra a necessidade de tornar esse mercado mais inclusivo e a importância de conectar as mulheres que trabalham com energia solar. Ainda na graduação ela teve que descobrir sozinha como poderia abrir espaço para trabalhar com sustentabilidade na engenharia civil. A área é predominantemente masculina, havia seis vezes mais homens em sala de aula, e pouco se falava em novos mercados de atuação e inovação com foco na sustentabilidade.

Ao buscar por oportunidades no campus, ofereceu-se como voluntária no Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da Universidade Federal de Santa Catarina onde foi bolsista de iniciação científica. Foi depois da convivência com mulheres de outros países em intercâmbio na Nova Zelândia que ela percebeu mais claramente toda a desigualdade de gênero neste setor no país.

“Eu tive dificuldades na faculdade de engenharia, passei por muito preconceito, sendo minimizada, ouvindo piadas sobre o corpo, sobre ser bonita e nunca sobre minha inteligência. A gente vai se masculinizando para seguir em frente. Ainda assim, me considero privilegiada. A realidade é ainda mais difícil para a maioria das mulheres sem o mesmo acesso ao ensino, de baixa renda e negras”, conta. Ouvidas em pesquisa pela Rede Mesol em 2019, 64% das profissionais do setor afirmaram que já ouviram comentários sexistas e 49% já sofreram discriminação no ambiente de trabalho por ser mulher.

A GIZ Brasil aproximou a organização de mulheres no Brasil de outras redes, como a Rede Global de Mulheres para a Transição Energética (GWNet), na qual Schneider, passou por um programa de mentoria ao longo de um ano na África do Sul, apoiado com recursos do projeto ESZ. “A GIZ foi muito importante para fazer as ideias acontecerem. Foi incrível a dimensão que a rede tomou”, avalia Schneider, atualmente na direção do Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina (IDEAL).

Em 2021, a Rede Mesol realizou, em conjunto com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK-RJ), com apoio do C40 Cities Finance Facility (CFF) e GIZ, a pesquisa “Energia solar no Brasil: quais são as barreiras e oportunidades para mulheres profissionais do setor?”. O estudo mostrou que as mulheres ingressam no mercado de energia solar mais jovens e tendem ter maior escolaridade do que os homens, mas recebem, em média, 31% menos que seus colegas de trabalho. Quase a totalidade delas (92%) indicou haver barreiras e desafios para permanecerem no setor, tais como machismo e preconceito, falta de informações e oportunidades, além de pouco acesso aos cargos de liderança. A desigualdade racial também é evidenciada. Do universo de participantes, apenas 30% das respondentes do estudo são negras.

A partir das ações da Rede Mesol, as profissionais da energia solar estão começando a se conhecer, se conectar, e até mesmo se indicar para trabalhos. Muitas parcerias de mulheres que desenvolveram projetos juntas surgiram no grupo de WhatsApp. “As mulheres começam a se sensibilizar mais sobre o seu contexto e lutar por uma realidade diferente. A gente espera que as próximas gerações encontrem um lugar mais igualitário”, diz. Para isso, foi lançada a campanha Mulheres de Energia no YouTube, em parceria com a GIZ, para incentivar a entrada de meninas jovens em áreas de estudo superior que levam a uma futura atuação no setor.

A equidade de gênero com a inclusão das mulheres cis e transgênero também traz novos olhares para fazer frente aos desafios ambientais globais. “A gente precisa urgentemente encontrar soluções para as mudanças climáticas e se continuarmos a fazer as mesmas coisas do mesmo jeito a gente não vai chegar a lugares diferentes. Trazer visões mais diversas, mais mulheres e pessoas em contextos sociais, econômicos e ambientais diversos, traz soluções diferentes, e enriquece as ideias, propostas e soluções.”

Projeto: Sistemas de Energia do Futuro (ESZ)
Parceiro: Ministério de Minas e Energia (MME)
Financiador: Ministério Federal Alemão para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento (BMZ, em alemão)